ACTUALIZADO EM 17.05.2010: NOVO FIRMWARE DISPONÍVEL (ver no fim do artigo)
Depois da famigerada tentativa da GARMIN fazer substituir a série 276/278 pelo novo GPSMAP620 (ver o nosso teste aqui), eis agora que surge uma nova (má) novidade: os clássicos e reconhecidos GPSMAP-276 e GPSMAP-278 foram descontinuados, e a Garmin não fornece mais!
Parece-nos que o fabricante quer deixar este mercado de off-road sem solução em matéria de navegadores especializados. Claro que há sempre opções, como a série 60 (excelentes equipamentos) ou a nova série OREGON (que agora até tiram fotografias!). Para quem quer brinquedos mais económicos, tem a série ETREX (com o inconveniente de terem as teclas laterais) ou os novos DAKOTA (ecrã táctil, mas pequeno).
Como estava programada +1 viagem a Marrocos no inicio de Setembro (2009), lá fomos ter com a RMS (a habitual vitima e única casa verdadeiramente conhecedora deste tipo de utilização) e perguntámos: como é que é? Vamos ficar órfãos de equipamentos para utilização em fora-de-estrada?
Foi-nos então informado que a Garmin estava a converter o ZUMO 660 para utilização especifica em off-road, uma vez que este equipamento, desenhado para utilização em motos e automóvel, já tinha algumas das funcionalidades pretendidas. Além do mais, apresenta a robustez necessária bem como uma característica importante: é estanque (cumpre a norma IPX7: 30 minutos até 1mt de profundidade). Bom, esta ultima capacidade pode ser importante, mas também duvidamos que alguém se vá preocupar com o GPS se a viatura estiver nessas condições muito tempo...
Não foi preciso dar muita graxa para que a RMS tivesse a gentileza de nos ceder um equipamento para teste. Na verdade até queríamos 3, mas eles lá acharam que estávamos a pedir de mais. Como o Gilberto já se tinha precipitado e vendido o seu 276 (por altura do teste ao 620), ele confiou nas informações dadas e comprou uma unidade. Assim, armados das novas tecnologias, lá fomos: 3 jeeps (nenhum desta marca, diga-se!), 2 Zumo 660 e 1 clássico 278, para comparação. Todos devidamente carregados com mapas de Marrocos com detalhe ao nível das pistas, incluindo o novo mapa com funcionalidade de auto-routing (com voz) para aquele país. Para testar qualquer lentidão, foram os 660 carregados com outros mapas, incluindo as curvas de nível de Portugal, mapa de pormenor dos Picos da Europa e mapas da Mauritânia, Tunísia e Líbia (além do mapa de 2010 com toda a Europa, já incluído de origem).
A primeira grande vantagem do ZUMO é poder levar os mapas em cartões microSD normais. Trata-se de uma mais valia enorme tanto em preço como em capacidade, em contraponto com os cartões proprietários da Garmin que os 276/278 usavam, extremamente caros e de capacidade limitada (máximo 512Mb).
A abertura da embalagem deixa-nos surpreendidos com a quantidade de acessórios: cabos (incluindo o de USB), suportes, bolsa, carregador de 220V e até... parafusos! Será que a Garmin pede aos clientes para acabarem de fazer o equipamento em casa?
Mas não. A explicação é que ZUMO 660 (a partir de agora vamos chamar-lhe Z660) vem com 2 conjuntos de montagem: um para instalação em viatura e outro para moto. Pareceu-nos que a solução de viatura é menos segura (por ser de ventosa) para os 4x4. Este conjunto deve ser deixado para a instalação num veículo mais civilizado, tanto mais que a alimentação se faz por ficha de isqueiro com os inconvenientes que sabemos: desliga-se com os saltos, além de que as tomadas de isqueiro fazem falta para outras ligações.
Vamos pois dedicar-nos à solução para moto e como pode ser adaptada a viatura.
O suporte de mota é um suporte da conhecida RAM, o que por si só é uma vantagem dada a quantidade de opções que há para todo o tipo de situações (na RAM o que gostamos mesmo é do suporte para a lata da cerveja, mas isto é uma análise muito pessoal...)
Este suporte de mota pode ser instalado naquela barra em frente ao pendura ou noutra pega disponível. Não temos dúvida de que fica bem fixo. Caso a viatura não tenha tais coisas, pode então comprar outras soluções da RAM que se adaptam perfeitamente. Com este suporte, o cabo de alimentação a usar é o de fios soltos. Além de permitir uma ligação directa à bateria (de preferência sem passar pelo interruptor da chaves de ignição), este cabo tem ainda ligações para altifalante externo, microfone (para atendimento do telemóvel em mãos-livres) e ligação USB. Atenção que esta ficha USB, bem como a existente no suporte de automóvel, não são para ligação a PC, mas sim para poder ser conectado a um receptor de informação de transito (opcional). A ligação USB para computador está localizada por de baixo da tampa de bateria (para protecção),
Feita a montagem em local de boa visibilidade (no meu caso na pega existente do lado esquerdo, mesmo ao lado do pára-brisas), passámos à fase de instalação dos percursos que pretendíamos fazer (atravessar o Planalto de Rekkan de NO para SE (até Iche e Figuig) e posterior descida para Merzouga.
Carregámos ambas as opções por segurança: o trajecto e a rota.
As rotas não foram difíceis de encontrar. Falando da primeira (este percurso tinha 3 rotas e 3 trajectos), lá tinha os seus 32 pontos de passagem e as funções de navegação permitem a sua edição, inverter o sentido, re-ordenar, etc.
Mais difícil foi encontrar os trajectos. Depois de muito percorrer os menus (sem ler o manual, como bom português quando compra electrónica...) encontrámos a pasta “Os meus dados” e lá estavam. Mas como navegar neles? Pois o Z660 tem uma função que facilita muito as coisas: clica-se em “importar dados” / “registos de viagem” e ele converte o trajecto em rota! Já está! A nova rota ficou com 576 pontos, enquanto o trajecto original tinha 683. Ok, nada mal. Pode ter perdido algum detalhe, mas só experimentando no terreno.
Carregada a mobília, atestadas as viaturas, lá fomos a caminho de Algeciras.
O percurso em Espanha foi muito fácil, com os equipamentos a darem a navegação em estrada sem problemas, assinalando as velocidades e, espante-se, apresentando alguns edificios em 3D! A base de dados complementar que nos carregaram no Z660 tinha também muita informação, como abastecimentos, farmácias, restaurantes, alojamentos, faróis (!), locais de culto, locais de casamentos (!), acesso a redes sem fio (wifi), etc. além do muito importante: a localização dos radares!!! Aqui o Z660 já está a ganhar em muito ao 278, não só pela visualização (que pode ser também em 3D), o ecrã maior, o ter bluetooth para servir de mãos-livres, dizer o nome das povoações, das estradas e das ruas, durante as manobras (isto dispensamos por que a senhora fala Português mas deve ser Inglesa...), etc. Um detalhe: este equipamento já tem a nova funcionalidade de indicar qual a faixa que temos de tomar, numa auto-estrada ou via rápida, para continuar no percurso correcto, evitando as manobras de ultima hora que podem ser perigosas. Dá sempre muito jeito na periferia de Sevilha.
O nosso percurso estava preparado logo à saída de Ceuta. Navegar com o Z660 não foi problema, antes pelo contrário. Como o ecrã é táctil é muito fácil configurar os dados que aparecem no ecrã do mapa. Optámos por ter do lado direito a distancia ao próximo ponto e no outro a hora estimada de chegada ao final. O computador de viagem dá-nos o habitual: velocidades média e máxima, tempo parado, tempo em andamento, etc.
Com o mapa com funções de auto-routing foi muito fácil a navegação em estrada (e, pasme-se, mesmo em pista!) quando o nosso trajecto coincidia com as pistas existentes no excelente mapa (já testado anteriormente mas nunca nos cansamos de o dizer). Quando as coisas começaram a ser mais duras (e onde o mapa já não assinalava pistas coincidentes) calámos a senhora optando pela função de navegação em fora-de-estrada.
Aqui revelou-se que a conversão do trajecto em rota não foi problema e até trouxe vantagens, conforme comparámos com o 278. É que o nosso trajecto original tinha vários erros fruto da nossa primeira viagem e dos muitos enganos, volta para trás, etc. Na conversão não só manteve o trajecto correcto como eliminou as situações de “ida-e-volta” curtas. No 278 essas situações causam alguma confusão, principalmente se não estivermos na página do mapa.
Durante o percurso fomos também registando no Z660 tudo o que fomos fazendo. Estes “tracks” são guardados no gps e são acessíveis no mesmo local onde estavam os tracks importados. Sendo assim, a sua conversão em rotas, para posterior uso, faz-se da mesma forma como explicámos acima. Fácil e intuitivo.
Assim, parece-me que a Garmin, finalmente, está a trabalhar para que este equipamento seja um digno sucessor dos 276/278, com a vantagem de ser também um excelente navegador de estrada. Se o seu auto-radio tiver entrada auxiliar então pode usar a função de leitor de mp3. Sempre pode seguir as pistas no deserto ao som dos Pink Floyd (bem alto de preferência, escondendo os novos ruídos que a suspensão e transmissões estão a fazer...)
Já limpos do pó, sentámos-nos em casa à volta de uma cervejas, e finalizámos este estudo com algumas comparações (entre este Z660 e os 276/278), onde há diferenças e conclusões finais que se resumem a isto:
Funcionalidades | 660 | 276/278 |
Distância ao ponto no menu de waypoints | S | N |
Navegação por foto (associa a foto a à posição) | S | N |
Total de waypoints | 1000, ilimitado com cartão SD | 3000 |
Reordenação ideal dos pontos de uma rota | S | N |
Total numero de rotas | 20, ilimitado com cartão SD | 50 |
Análise do perfil em altitude do track | S | N |
Conversão de track para rota (mesmo off-road) | S | N |
Numero de tracks gravados | 20 | 15 |
Para colmatar algumas funções em falta, estão já prometidas pela Garmin USA (vimos o e-mail) as seguintes actualizações (disponíveis gradual e gratuitamente através da internet, com previsão até Janeiro 2010):
Campos adicionais de dados a mostrar no ecrã-
Trackback (voltar para trás) -
Desenhar os tracks quando se está em fora-de-estrada -
Importar track para lista de tracks gravados, com apresentação em diferentes cores
Apresentação simultânea de vários tracks no ecrã-
Será criado um novo campo de dados com a indicação do azimute -
Opção de 4 campos de dados no ecrã do mapa -
Navegação no track (trajecto)
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NOVO FIRMWARE DISPONÍVEL
A RMS está já a instalar o novo firmware para o ZUMO 660. Ver as alterações neste artigo do blog Os clientes da RMS que já tenham adquirido o ZUMO 660, devem contactar a empresa para proceder a estas novas implementações gratuitamente.
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