Pediu-nos a
RMS para fazermos um teste preliminar ao tão esperado
GARMIN GPSMAP-620.
Este novo modelo da
GARMIN tem sido esperado como um potencial substituto dos galardoados
GPSMAP-276C e
GPSMAP-278.
Este teste, muito preliminar, não se vai debruçar sobre as potencialidades do equipamento enquanto navegador marítimo ou terrestre.
A nossa análise vai incidir unicamente sobre as características para uso em fora de estrada, na navegação em todo-o-terreno.
A primeira coisa que ressalta ao ligarmos o equipamento é o
firmware: a versão
beta 1.7. Esta poderá ser a primeira explicação sobre algumas coisas que vamos dizer a seguir.
O equipamento quando ligou ficou em modo marítimo. Óptimo. É disso que se espera para utilização em fora-de-estrada. A navegação em
TT funde-se com a
marítima, quando numa utilização sem referências visuais ou, na existência delas, sejam
facilmente geradoras de confusão.
O mapa que surgiu deixou-nos maravilhados, pois correspondia, em termos visuais, a uma semelhança com o Google
Earth, com a vantagem de mostrar, em sobreposição, um mapa detalhado de estradas. Mas ao fazermos
zoom de aproximação surge a primeira decepção. A imagem expande-se em quadriculas imperceptíveis, tornando ilegível qualquer detalhe. Se está à espera de ver o telhado da sua casa, desengane-se!
Continuando na página do mapa,
fizemos zoom, mas agora de afastamento. Nova decepção: o equipamento afinal só tem as tais imagens semelhantes ao Google
Earth ao longo da costa. Para o interior não apresenta
qualquer informação.
Inclusive perde em detalhe de estradas, permanecendo unicamente as principais. Passado o momento de surpresa, pensámos: "
ok, como está no modo
marítimo, talvez esta cartografia pré-carregada seja unicamente para auxilio aos pobres do marinheiros, para quando visitam os terrestres, terem um modo de se orientarem". Talvez!
O modelo de teste já vinha pré-carregado com cartografia
BlueChart G2. Como
dissemos, não vamos desenvolver o teste na
perspectiva marítima, mas não deixámos de admirar a qualidade de imagem na saída da barra do Tejo, nem os pormenores apresentados. Fiquemos então por aqui.
Percorremos então todos os menus. Na selecção de
língua falta ainda o português, mas não podemos esquecer que estamos perante um versão prematura. Há também as configurações de unidades, hora, etc. O que já não podemos perdoar é a omissão de funções fundamentais: geração de rotas, gestão de percursos (
tracks), alarmes de desvio de rumo, ou azimute, projecção de pontos, calculo médio de ponto. Pronto, lá veio a desculpa: é uma versão
beta.
Para finalizar o teste no modo
marítimo, o que mais interessa, como se disse, à rapaziada que teima em andar por maus caminhos, carregámos uma carta com o mapa de Marrocos e da
Mauritânia. Esta é uma das grandes vantagens anunciada: o equipamento utiliza cartões normais
SD, vulgares no mercado de fotografia, em contraponto com o cartões da
Garmin, bastante caros.
Azar de novo. O equipamento em modo
marítimo só lê cartografia
BlueChart, rejeitando tudo o que não seja compatível. Ou seja, é impensável, a este nível desenvolvimento do produto, utilizar o modo
marítimo para navegar em... terra!.
A rapaziada já tinha entretanto bebido umas
cervejolas para ganhar coragem para continuar. É que há meses que o produto estava anunciado e já pensávamos trocar os nossos canhões (os 276 e os 278 são o que utilizamos há anos). Um de nós até já vendeu o 276 dele (coitado). Até nos dizia: "vendam os vossos antes que se saiba deste novo modelo, porque agora ainda valem alguma coisa e depois perdem mais dinheiro". Ao fazermos um intervalo para descanso, já o nosso amigo levava 3 "loiras" de avanço, com o desgosto!
Bom, vamos agora ao modo terrestre. Clicámos no
icon no centro superior do
ecran e surge a pergunta: "Quer mudar para o modo terrestre?". Confirmámos no
OK, o
ecran apaga-se e... espanto... surge um
NUVI, ou seja o
ecran tradicional dos
gps de estrada da
Garmin, da série
NUVI.
Nem
queríamos acreditar: corremos todos os menus, e não
havia dúvida: era mesmo um
NUVI com
ecran grande, cópia fiel. Do mal o menos, o mapa de Marrocos lá aparecia, mas com que utilidade? Como no modo terrestre o equipamento não tem qualquer funcionalidade de
outdoor, limita-se a colocar a nossa posição em cima do mapa. Nada mais.
A distância às 3
bojecas de avanço do fugitivo do pelotão estava a diminuir. Como é que a
Garmin fez uma coisa destas? Para que mercado? Será a pensar no tipo que tem um
barquito, encosta na doca de Belém e, como está nas
lonas com a crise, tira o
gps do barco e vai utilizá-lo no carro, porque não tem dinheiro para comprar 2 equipamentos? É necessário muita cerveja para conseguir imaginar como é que este equipamento vai destronar (alguma vez) os dinossauros 276 e 278. Um pequeno
Quest ou um simples
ETREX EURO ajudam mais que esta coisa.
Então o "D.Sebastião" dos
gps's de navegação fica-se pelas excelentes
características do
ecran de 5.2 polegadas (11.4 x 6.9 cm ou 13,2cm de diagonal), com resolução de 800 x480
pixels, funcionalidade por toque e pouco mais? O engenhoso suporte marítimo que vem com a unidade não compensa a omissão de outras características. Do mesmo modo que não dá para acreditar porque é que o equipamento só é portátil (com bateria) no modo terrestre e não no modo
marítimo.
Como se disse, estamos perante um unidade prototipo,
ainda em versão de teste. O que atrás foi dito poderá não ser verdade daqui a umas semanas ou meses quando entrar em comercialização. Para já o 620 afasta-se completamente da filosofia que tornaram outros modelos muito utilizados nos desportos de aventura e que tornaram a
GARMIN líder de mercado.
Se a
RMS não nos proibir de fazer mais testes, aqui voltaremos para uma justa apreciação quando este modelo entrar definitivamente no mercado. Se tem um 276 ou 278, deixe-se ficar com o que tem. Se está a pensar partir para o Norte de
África, continue a escolher um daqueles "clássicos". Se quer esperar, compre um
bússola. Ajuda mais.
A equipa dos
DESERTORES
14.07.2009
Nada de novo. Corrigidas algumas falhas no teste apresentado acima, e introdução de novos menus e funcionalidades, o GPSMAP620 continua a manchar a reputação da GARMIN com um total desprezo pelo mercado de outdoor motorizado. Se é um abandono deste mercado, onde a marca continua a ser líder, ainda é cedo para dizer. O que asseguramos é que este equipamento não é (até à data e já com duvidas se alguma vez o será...) uma proposta credível para utilização nas aventuras de todo-o-terreno, seja com veiculos de 4 ou 2 rodas. Vamos (des)esperando!